O poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999) passou duas
temporadas como embaixador em Sevilha, primeiro na década de 1950 e,
posteriormente, nos anos 1960. Escreveu 106 poemas sobre a cidade espanhola,
conteúdo da antologia Poemas sevilhanos
(1992), também disponível em outras reuniões de textos do autor e que vai estar
nas páginas de Poesia completa,
prevista, pela Alfaguara, para novembro.
Uma de
nossas inspirações máximas, inclusive para a vida, a obra poética de João
Cabral de Melo Neto traduz a complexidade e contradições humanas por meio de
linguagem única. E entre tantos feitos o magistral artista
pernambucano-mundial conseguiu, como poucos, compreender e decifrar o mistério
da manifestação cultural do sul da Espanha, como todos podem comprovar lendo, relendo
os 106 poemas sobre e a partir de Sevilha, entre os quais destacamos “Intimidade
do flamenco”:
“O flamenco quer
intimidade,
assim
no cante que no baile.
Aquele
fazer de mais dentro,
se
quer de quem faz pôr-se ao centro,
centrarse, viver seu caroço,
e a
partir dele dar-se todo,
esse cante ou
baile é monólogo
que,
se funciona para o próximo,
quer
um próximo conivente
capaz
de centrar-se igualmente.
Não
quer um palco que o dissolva,
seu fazer se faz boca a boca.”
Ole João Cabral de Melo Neto!
#SomosTodosJoãoCabraldeMeloNeto
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