Pular para o conteúdo principal

#SomosTodosJoãoCabraldeMeloNeto

 

O poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999) passou duas temporadas como embaixador em Sevilha, primeiro na década de 1950 e, posteriormente, nos anos 1960. Escreveu 106 poemas sobre a cidade espanhola, conteúdo da antologia Poemas sevilhanos (1992), também disponível em outras reuniões de textos do autor e que vai estar nas páginas de Poesia completa, prevista, pela Alfaguara, para novembro.

 


Uma de nossas inspirações máximas, inclusive para a vida, a obra poética de João Cabral de Melo Neto traduz a complexidade e contradições humanas por meio de linguagem única. E entre tantos feitos o magistral artista pernambucano-mundial conseguiu, como poucos, compreender e decifrar o mistério da manifestação cultural do sul da Espanha, como todos podem comprovar lendo, relendo os 106 poemas sobre e a partir de Sevilha, entre os quais destacamos “Intimidade do flamenco”:

 

“O flamenco quer intimidade,

assim no cante que no baile.

 

Aquele fazer de mais dentro,

se quer de quem faz pôr-se ao centro,

 

centrarse, viver seu caroço,

e a partir dele dar-se todo,

 

esse cante ou baile é monólogo

que, se funciona para o próximo,

 

quer um próximo conivente

capaz de centrar-se igualmente.

 

Não quer um palco que o dissolva,

seu fazer se faz boca a boca.”


Ole João Cabral de Melo Neto! 

#SomosTodosJoãoCabraldeMeloNeto 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Dia da Andaluzia

  Hoje, 28 de fevereiro, a Andaluzia vivencia a sua data mais importante.   Comemorado anualmente, o Dia da Andaluzia é um feriado público festejado pelas 8 províncias que compõem a comunidade: Almería, Cádiz, Córdoba, Granada, Huelva, Jaén, Málaga e Sevilha.   Este feriado celebra o referendo do Estatuto de Autonomia da Andaluzia, realizado em 28 de fevereiro de 1980, no qual os andaluzes votaram a favor do instrumento que fez da Andaluzia uma comunidade autônoma da Espanha.   Viva a Andaluzia e tudo o que ela nos inspira!  

Flamenco Entre Telas | Baile por Tangos - Prêmio Funarte RespirArte

 

La Leyenda Del Tiempo

  O oitavo álbum de estúdio do cantor e compositor Raimundo Fagner, Traduzir-se (1981), traz participações especiais. Destacamos a faixa “La Leyenda Del Tiempo” (poema de Garcia Lorca musicado por Ricardo Pachón), um dueto com Fagner e Camarón de La Isla, conteúdo disponível no YouTube.   Confira a letra, texto de Garcia Lorca:   El Sueño va sobre el Tiempo flotando como un velero. Nadie puede abrir semillas en el corazón del Sueño. ¡Ay, cómo canta el alba! ¡Cómo canta! ¡Qué témpanos de hielo azul levanta! El Tiempo va sobre el Sueño hundido hasta los cabellos. Ayer y mañana comen oscuras flores de duelo. ¡Ay, cómo canta la noche! ¡Cómo canta! ¡Qué espesura de anémonas levanta! Sobre la misma columna, abrazados Sueño y Tiempo, cruza el gemido del niño, la lengua rota del viejo. ¡Ay cómo canta el alba! ¡Cómo canta! ¡Qué espesura de anémonas levanta! Y si el Sueño finge muros en la llanura del Tiempo, el Tiempo le hace creer que nace en aquel momento.