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A imagem sendo feita

 

Sergio Caddah sente, segundos antes do click, que a fotografia vai acontecer – ou não. “O ideal é saber que a foto vai ser boa para em seguida apertar o dedo (no disparador) ou imaginar a imagem sendo feita”. A partir desse pressuposto, já fez milhares de fotos, incluindo a que aparece antes deste texto, em que Gisele Bündchen acena para o público durante uma edição do São Paulo Fashion Week.

Piauiense nascido em 8 de setembro de 1971 em Teresina, acredita que todos nascem registrando inconscientemente imagens que, no futuro, serão reveladas conforme acasos e desejos.

A fotografia está presente em seu cotidiano desde a infância. Aos 17 anos, atua como ajudante de guia de viagens nas empresas de sua família, a PIVITUR e a ALDATUR – principalmente em excursões para Disney, onde também fotografa os viajantes: “Registrava cidades reais e imaginárias vividas, experimentando o desejo de retornar com as imagens reveladas nos álbuns, sobre a mesa, para os próximos clientes”.

No ano 2000 recebe uma encomenda e as imagens resultam em uma exposição, venda de quadros e, mais que tudo, uma frase até hoje presente em seu imaginário: “Nossa! São suas essas fotos? Parecem de revista!”.

Autodenominado “apertador de botão” e “enquadrador de cenas” que aprecia reproduzir e distorcer realidades usando a luz, Caddah, o autodidata curioso (fotografado por ele mesmo na imagem acima) cursou e formou-se em Administração e Fotografia pela Universidade Estácio de Sá e tem pós-graduação em Fotografia como Instrumento de Pesquisa em Ciências Sociais na Universidade Cândido Mendes, ambas instituições do Rio de Janeiro, cidade onde viveu durante a primeira década do século 21.

Na temporada carioca foi assistente de alguns festejados nomes da fotografia brasileira, como Luiz Garrido, fotógrafo de moda, retratista, de publicidade e do cantor Roberto Carlos, proprietário da Casa da Foto. “Foram anos de convívio e aprendizado, de diálogos constantes”.

Mas, Caddah observa, quando a pessoa consegue enxergar oportunidades, novos mestres podem sugerir outros caminhos. “O grande mestre está no pensamento profundo de cada indivíduo”, afirma o fotógrafo que, em constante reinvenção, também registrou apresentações de flamenco no Rio de Janeiro.

Caddah diz que sempre teve fascínio pelo corpo em movimento, pela dança, atitude e força da comunicação corporal, movimentação das sombras. “Flamenco é tudo isso e mais um pouco, incendiando o meu sangue árabe-nordestino com a patada ritmada pelo tempo do movimento dos corpos, seus olhares e diálogos entre pés e mãos”.

Fotografou moda, pela primeira vez, quando frequentava a Universidade Estácio de Sá. Reuniu amigos para fazer um editorial nos Arcos da Lapa. ”Senti o poder da fotografia para transmitir a atitude dos personagens [modelos] com a roupa e o ambiente em que eles estão”.

Após ensaios de moda e retratos no fotojornalismo na universidade, trabalha em jornais de bairro e revistas customizadas, como a do Fluminense Futebol Clube e a da Câmera Americana do Comércio, para em seguida colaborar com O Globo, Jornal do Brasil, O DIA, IstoÉ!, Quem, Caras, TOP Magazine, Glamour, Getty Images, Joyce Pascowitch, Vogue, entre outras revistas e jornais.

Caddah registrou a imagem acima, projeção comemorativa dos 25 anos de São Paulo Fashion Week, no centro da capital paulista, cidade onde vive desde 12 de outubro de 2009. Planeja editar uma série de livros, pode selecionar conteúdo em seu arquivo, mas provavelmente vai seguir em busca de cenários e personagens inéditos – o que faz diariamente em compromissos profissionais ou intervalos. Quase sem pausa.

Texto de Marcio Renato dos Santos – todas as fotos são de Sergio Caddah.












Comentários

  1. Fotos incríveis! Maravilha de arte! Sem contar o texto de Marcio Renato. Abraços aos dois.

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